Desafios estratégicos em SSMA, por Erik Celestino

Saúde, Segurança e Meio Ambiente é uma área crucial em muitas organizações, especialmente aquelas envolvidas em operações industriais, construção, mineração, petróleo e gás, entre outras. Enfrentar desafios estratégicos exige uma abordagem holística, com a colaboração de todas as partes interessadas, incluindo liderança, funcionários, reguladores e comunidades locais. Além disso, é essencial manter um compromisso constante com a melhoria contínua e a inovação.

Segundo o Engenheiro Erik Celestino “a disciplina de SSMA é bastante desafiadora, pois não se trata de matéria exata, onde dois mais dois são quatro. Há uma grande relação com o ser humano que, por sua vez, diante de nossa cultura ainda em transição na América do Sul, tem um longo caminho de evolução a percorrer. Esse é um dos nossos maiores obstáculos.” 

Para iniciarmos nossa investigação sobre os desafios estratégicos na área de SSMA, podemos listar aqueles mais comuns, entendendo que suas variáveis são muito significativas e os desafios podem se relacionar entre si. Entretanto, gerir de modo eficiente cada um desses aspectos é por si só um dos maiores desafios estratégicos.

“Tratando-se desses desafios comuns, principalmente nos ramos de atividades de base, como mineração, siderurgia e construção pesada, vejo ainda como há pouca aplicabilidade tecnológica para o trabalho preventivo destas operações, com hierarquia de controle mais eficientes na eliminação, substituição dos riscos e/ou mitigação por engenharia aplicada.” 

Erik explica que a tecnologia aplicada à disciplina como facilitadora da aplicabilidade das ferramentas do Sistema de Gestão de Saúde, Segurança e Meio Ambiente é um grande desafio estratégico e que o desenvolvimento cultural dos profissionais da área é importantíssimo para que alcancem essa maturidade mais elevada.

“A tecnologia aplicada se torna essencial à disciplina de SSMA. Temos várias ferramentas de Inteligência Artificial que são grandes facilitadoras em nossos trabalhos, mas ainda há inúmeras oportunidades para aplicação e evolução de desempenho da área. Vejo com bons olhos este avanço, pelas organizações, no incentivo amplo da implementação tecnológica em grupos de Six Sigma, CCQ’s e Excelência Operacional, contribuindo com passos mais rápidos nesta jornada de evolução.” 

Com base na análise de dados, as organizações podem tomar decisões sobre a alocação de recursos, implementação de controles de risco, treinamento, atualização de políticas e procedimentos, entre outros. Essas decisões visam mitigar riscos e melhorar a segurança e a saúde e é uma etapa que deve envolver a todos, tornando-os corresponsáveis pelas mudanças necessárias.

“A decisão baseada em dados é fundamental para a assertividade de nossos programas e ações. Dados consistentes, em detalhes, fornecem informações preciosas para o direcionamento e tomadas de decisões. Atualmente, na J. Mendes, utilizamos, entre outros, um excelente software que é o SICLOPE. Nele, todas as informações são detalhadas através de B.I. e instantaneamente disponibilizadas para as devidas tratativas.” 

O SICLOPE – Sistema Integrado de Controle de Operações – é uma plataforma digital desenvolvida dentro do modelo de SGI (Sistema de Gestão Integrada) para gerir especificamente processos das áreas de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Qualidade. A solução é formada por um conjunto de aplicações que vão desde software até aplicativos com objetivos específicos voltados às áreas de QSMA. Erik utiliza o SICLOPE para gerir os processos internos e compartilha sua experiência: 

“Utilizamos com mais frequência atualmente o SICLOPE, instrumento fantástico para nosso Gerencialmente de Planos, Procedimentos, Ações e vários controles estatísticos que acelera o diagnóstico para as tomadas de decisões. Como pontos fortes destacam-se linguagem prática utilizada no programa e, principalmente, seu formato mobile com link direto em campo, por exemplo, para o abastecimento de dados quando em uma inspeção de segurança ou abordagem comportamental. Fantástico.” 

Sobre a carreira do profissional da área, Celestino acredita que a posição de um profissional de SSMA depende da organização em que atua. Nesta ótica, pelo caminho do regime CLT, por exemplo, há possibilidade inclusive de cargos executivos, como Diretor. Ele explica que há ainda outro caminho, e que muitos profissionais têm escolhido, que é o seu próprio negócio, como consultor.  

“No meu caso, tenho minhas ambições profissionais, mas sempre com o máximo de resiliência, alinhando o aprendizado constante a aplicabilidade onde estou inserido.”

É comum encontrar pessoas que descobrem que para ingressar na área de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA), nem todos os profissionais tiveram formação superior, entretanto, muitos possuem salários atrativos, como você pode ler neste artigo e, a partir daí, se interessarem pela área.

“Em minha opinião, os títulos e escolaridade interferem muito no resultado do trabalho e na projeção de carreira, pois fornecem embasamento para tomadas de decisões mais assertivas, bem como uma visão mais ampla e sistêmica das operações, contribuindo com um olhar mais estratégico de um todo.” 

Segundo o site Vagas, a maioria dos profissionais de SSMA tiveram graduação em Engenharia de Produção, em Engenharia Ambiental ou cursaram até o Ensino Médio (2º Grau). Veja mais sobre a formação acadêmica na área clicando aqui.

“Os conhecimentos fundamentais para ter sucesso na carreira de SSMA e chegar ao topo incluem gestão de pessoas e conflitos, forte conhecimento técnico da disciplina e dos processos operacionais em que o profissional está inserido, além da capacidade de negociação e boa relação com os stakeholders.” 

Conhecimentos específicos, considerados mais contemporâneos, como de tecnologia e ciência de dados, de acordo com Erik, se aplicam ao profissional da área de SSMA. 

“Estamos em uma nova era da transformação tecnológica. Lembro que iniciei minha carreira em SSMA em 1998, quando utilizávamos, ainda que eventual, máquina datilógrafa para alguns relatórios. Hoje temos uma série de oportunidades de softwares e inteligência artificial que se tornam imprescindíveis nas rotinas, para mais celeridade nos processos e, consequentemente, tomadas de decisões com embasamento estatístico e maior assertividade.” 

As hardskills são geralmente a capacidade da aplicação do conhecimento técnico. Já as softskills, são as demais habilidades, não necessariamente técnicas, mas que influenciam na evolução do desenvolvimento de carreira e alcance de resultados. Dentro dessa linha de pensamento, as softskills são não somente importantes, como também imprescindíveis para a carreira em SSMA, pontua Erik.

“Para as softskills destaco a inteligência emocional e empatia, resolução de problemas, tomada de decisões, liderança eficaz através de inspiração, motivação e influência de pessoas.” 

Para finalizar, Erik explica sobre a disponibilidade virtual de informação na área. Ele diz que estamos na era digital e precisamos ao máximo aproveitar oportunidades tecnológicas, como seminários, congressos e demais eventos virtuais e complementa que além das informações disponíveis nas mídias sociais, as literaturas ainda são fonte rica de conteúdo. 

“As redes sociais trouxeram um impacto positivo na disseminação do conhecimento para a área de SSMA, bem como ferramentas e tecnologia aplicada à disciplina, ajudando muito nas rotinas da área, mas não podemos esquecer das literaturas, que nos fazem refletir e aplicar o PDCA em nossos processos.”

Erik Celestino é Gerente Corporativo de SSO da J. Mendes, empresa com mais de 50 anos, que ao longo de sua operação, ampliou seus negócios voltando sua estratégia aos segmentos de Mineração, Agronegócio, Gestão de Imóveis, Gestão de Terminais e Aviação.